Brennand Herculano: dezembro 2015

Numa manhã de sexta-feira, o jovem asperger Hércules Rodrigues, fazia sempre que possível em sua rotina desde que começou a trabalhar como organizador de textos para cegos no Laboratório de Acessibilidade, setor da Biblioteca Central Zila Mamede da UFRN, ele sempre que possível saia um pedaço para ir ao Centro de Convivência, o espaço comercial da instituição para fazer uma boquinha numa das lanchonetes que tem por lá. Foi justamente neste ambiente e especificamente neste dia e hora, que ele ao fazer o seu lanche tomando um pote de açaí sentado numa das mesas próximas da lanchonete onde ele estava, que apareceu uma bela jovem de cabelo ruivo, que pediu permissão para se sentar na sua mesa também para lanchar comendo um salgado acompanhado de um copo de suco. Assim que ela se sentou em sua mesa ele foi logo a abordando comentando a respeito de um detalhe nela que mais lhe chamava a atenção que era o seu cabelo bem vermelhinho. Hércules: -Lindo o seu cabelo ruivo, ele é natural? A Ruiva respondeu: -Sim, um pouquinho. Então Hércules explicou o motivo de falar a respeito: -É porque é raro eu ver pessoas que tenham um cabelo ruivo mais natural possível, algumas pessoas que conheci que tinham o cabelo vermelho era pintado. Ela concordou colocando assim: -Realmente é raro você se deparar com gente que tenham o cabelo vermelho que seja natural, principalmente aqui no Brasil, mais especificamente no Nordeste. É mais comum em alguns países europeus alguém a tonalidade cabelo vermelho mais natural. Depois deste início de conversa com o cabelo eles foram variando o assunto, a ruiva ao perceber que próximo a Hércules estava uma curiosa edição de uma revista do “Homem-Formiga”, ligada ao Universo Cinematográfico da Marvel, chamada de “Homem-Formiga: Prelúdio”, cotando a trama da Hank Pym, o primeiro Homem-Formiga atuando em uma missão na extinta Alemanha Oriental em plena época da Guerra Fria, edição esta que ele havia comprado naquele mesmo dia horas antes na banca de jornal que fica localizado nas proximidades do espaço onde ele estava lanchando e conversando com esta bela ruivinha. Ao perceber que próximo a Hércules estava esta revista, a ruiva curiosa pede permissão a ele para dar uma folheada, e Hércules logicamente permite. Ela dar umas folheadas e fica bastante impressionada e então os dois conversam entre si os filmes de super-heróis dos quais mais gostaram, dos quais mais amam de paixão e quais suas expectativas para os próximos filmes de heróis que vão ser lançados em 2016. Dentre estes a Ruiva comentou da sua expectativa para assistir a Deadpool, isto porque ele estava com sua revista num informe publicitário de Homem-Formiga-Prelúdio. Já Hércules comentou de sua grande expectativa para X-Men: Apocalipse e o confronto de Capitão América e Homem de Ferro em Guerra Civil. Depois disso, tanto ele, quanto ela mudaram o foco da conversa, Hércules perguntou por curiosidade se ela era estudante da instituição, ela então respondeu que não, e ela também foi entrando no joguinho dele perguntando se também era estudantes da instituição. Ele então respondeu que não era, trabalhava na função de voluntário na biblioteca, mas tinha se esquecido do detalhe de explicar que era no Laboratório de Acessibilidade. Já a Ruivinha foi então comentando que era estudante de direito de uma instituição particular, mas não especificou o que estava fazendo por lá, talvez para comprar algum livro judiciário na Livraria da Cooperativa Cultural. Depois dessa longa conversa entre os dois, após terem cada um encerrado os seus lanches, tanto ele, quanto ela seguiram cada seus rumos. Hércules tinha se esquecido de perguntar para ela qual era o seu nome? Mas não importava que nome tinha aquela bela vermelhinha de rosto angelical, que mais parecia um traço de quadro ou mesmo cartunesco. Não importava se ela tinha um nome comum de Maria, Ana, Paula, Tatiana, Carol, Juliana, Patrícia, Claudia, Daniela, Renata, Adriana, Márcia, Rebeca, Amanda, Beatriz, Flávia, Raquel, Priscila ou quem sabe com alguns nomes muito exótico como Katiana, Sayonara, Alcmena, Brida, Arlequina, Natasha, Scarlett, Morgana, Barbarella, Kara, Justine, Hermione, Wanda, Xena, Helga, Elker, Cleópatra, Afrodite, Liesel, Andrômeda, Kalinka ou mesmo quem sabe Gretel. Para Hércules aquilo não importava, mesmo porque ele tinha tomado a coragem para iniciar uma conversar com alguém desconhecido, uma bela mulher que lhe apareceu no momento oportuno para conversar. Cuja beleza exótica lhe chamou bastante a atenção. Se para alguns pais de autistas que duvidam que esta história seja real, acham muito novelesca, eu posso garantir que ela é sim verdadeira, e aconteceu comigo. Uma prova de que para ser trabalhado a suas habilidades sociais não basta só que ele aprenda de forma muito forçada ou mesmo de maneira imprudente, tem que deixar acontecer, no momento que for propicio sem muito desespero, porque se for desta forma forçada você está fadado a repetir o velho ciclo vicioso de achar que obrigar o seu filho com aspie a se socializar da forma natural como as crianças neurotipicas o forçando a fazer uma coisa que ele sabe pelo estado de espírito dele que não está afim de fazer, então ele sempre vai preferir viver na reclusão em vez de se socializar. Assim como nenhum pai representante de associação pode chegar publicamente falando por nós que não somos capazes de construir qualquer tipo de relacionamento, seja com a pessoa que for, e principalmente neste aspecto serem muito arcaicos e com a mente tão quadrada. Só nós mesmo sabemos como lidamos com as nossas sensações, com os nossos sentimentos com tudo e não eles ficarem nesta postura de falarem por nós sobre tudo do que a gente necessita, e ficarem de braços cruzados. Como diz um ditado" O novo sempre vai dar medo".